PARATEXTOS FRONTISPÍCIO

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[1r] Quarta Parte da História Grega do imperador Beliandro e mais aventuras sucedidas no seu império.
Escrita por Cornélio Faquião, inglêz.

 

COMPOSIÇÕES POÉTICAS

 

IV PARTE

 

[22] A tua fé vence a minha.


Porque me excedes te cedo.


Muito dezeja, pouco espera e nada pede.

 

 

[23] Oprimida resplandece.


Sem lhe cravar Amor flexa.

 

 

[24] A tua luz me extinguio.

 

 

[26] Não se retira vencida quem para tornar-se auzenta.


Só com esta venci Amor.

 

 

[27] Nada abranda esta dureza.

 

 

[28] Em vós se guarda.


Ainda que fosse de bronze.

 

 

[29] Puoter dice dispose Amor l´ha tolto.


Mas que não chegue.


Que bem se troca pela honra a vida.


Porque contra o tempo dure.

 

 

[30] Ou pega em uma ou deixa outra.


Sempre amargo.

 

 

[90] Antes morto que manchado.

 

 

[94] É mais forte o que padeço.

 

 

[130] Para que es amor tirano
contra o meu peito rendido,
se para o ar vento basta
conhecerdesme ferido.

Se fulminas contra uma alma
que se confessa vencida
tanta multidão de raios
acreditas-te homicida.

Larga a seta, quebra o arco,
que a victória não consiste
no estrago que deixas feito,
mas em vencer quem resiste.

 

 

[155] Se para tiranizar-me
bastam só minhas tristezas,
por que, penozas lembranças,
me dais motivo a mais queixas?

 

 

[262] Se as lágrimas que choro
são ardentes faíscas
que exhala o incêndio,
que o peito martiriza,

como, desatadas
em líquida corrente,
parecem cristaes,
sendo a chama ardente?

E se o fogo sobe
no ar que respira,
como não alenta
uma alma que suspira?

[263] E se tudo sobra
a quem falta a dita,
acabe na morte
uma vida aflita.

 

 

[291] Se para roubar-me a dita
ma mostrou a iniqua sorte,
acredite a minha morte
que pena ua alma aflita.

Rezistir tanto martírio
já não pode o sofrimento,
que excede manso o tormento
e desculpa o meu delírio.

 

 

[332] Mais fácil será
que as plantas não creçam,
que as penhas se movam,
que as nuvens se parem,
que os montes se abatam,
que os vales se subam,
que os rios não corram,
que os brutos intendam,
que os astros não girem,
que mudem de esfera,
que a minha fortuna
deixe de ser fera.

 

 

[336] Pergunta o amor mais puro,
que perzume iternizar-se
qual pode ser a fineza
com que logre acreditar-ce

 

 

[341] Crédito de puro amor,
só poderá meresser
quem praticar em rigor
querer por solo querer.

 

 

[479] Senhoras,
pede licença ao respeito
reverente adoração
para que julgue a rezão
donde habita amor perfeito.

Defendem os pescadores
que na praia estende a rede
e no logro que concegue
alimenta fiel os seus ardores.

Contradizem os pastores
com que no prado se apura
a fé na mesma lizura
que eterniza os seus fulgores.

Ofrece Alfeo ao sertamen
grato ouvido e justo prémio,
que acredita aquele prémio
em que luzir na fé perfeito exame.

 

 

[480] Sem ofender o respeito
pode apurar-ce a questão,
e o que julgar a rezão
conçulte-nos com ifeito.

 

 

[483] Anfrizo no monte Olimpo
apassenta o seu cuidado
mais que os outros enlevado
como entre as flores o Orinto.


Arma a rede por custume
mas não cuida no pescado,
[484] porque lhe prende o cuidado
quem zomba do seu queixume.

 

 

[484] Alcino, que nada espera,
deixa a rede ao destino
que atropela.

 

 

[485] Amintas, que de Cidônia
deixa o setro pelo prado
mostra a fé do seo cuidado.


Sílvio, que em Monte Maior,
descuidado do rebanho,
acredita o fino empenho,
mas que perca o de pastor.

 

 

[486] Albano, perpara a rede
e lança ao mar os anzóis,
mas admirando dois sois,
deixa tudo e a lus segue.

 

 

[487] Mal pode pescar de noite,
suposto aplique o farol,
quem só segue a lus do sol.

 

 

[488] Mirtílio, busca na Arcádia
a prática desconhecida
para dar por gosto a vida
nas aras da fé que guarda.


Em métrica sós
em fino conceito
permite o respeito
que ao eco velos
se fie a contenda
que julgue o porblema
e prove a questão,
mostrando a rezão
com que prezume o peito
felis habitação do amor perfeito.

 

 

[502] Se não receias os perigos, chama.

 

 

[505] É tão sublime a dita que te espera,
que fas enveja a ũa e outra esfera,
mas primeiro que chegues a lográ-la
junto ao sol hás de subir para alcançá-la.

 

 

[508] Sem os riscos do despenho
pode dar lus ao mundo o teo valor,
pois na constância maior
mostra do teu aserto o dezempenho.


Vamos ao Palácio Portentozo
porque vejas em um e outro himisfério
como um sol ao outro sol sede o Império.

 

 

[510] Não receia a crueldade
quem a tem por alimento.


Pode matar-me o rigor,
mas não fazer-me inconstante.


Há de eternizar-ce puro,
apezar da ingratidão.


De que me servem os olhos
se não vejo em que empregá-los.


[511] Fugio-me a dita na sombra
que choro sem alcançá-la.


Se me mata a saudade,
como dura o padecer?


O respeito me condena
a martirizar a vós.


Viva amor em chama pura
que abraze o peito inocente,
pois amando independente,
adorando, respeita a fermozura.

 

 

[525] Triunfo da mais heróica fineza.

 

 

[559] A minha lus te dá vida.


[560] Non plus ultra.


Que produs a dilação.


[561] Tarde chega, mas dá vida.


Quando se esconde, desmayo.


Ainda que os pinhos firam
animam as esperanças.


Para chegar mais depressa.


[562] Voa o tempo
e para a dita.


Busco a lus para abrazar-me.


Quanto tarda.


[563] Porque lhe tarda o alento.


Inda mais bela.


[564] Nada basta para deixar de seguir-te.

 

 

[620] Senhoras.

Se a esperança é delito e a desconfiança culpa, [621] digam-nos Vossas Altezas como pode a impaciência deixar  de ser groçária.

À senhora Fedelinda.
Para ter mais que ofrecer
fasso gosto do martírio.

Belifloro.
À senhora Gracelina.
Semo seja confiança
tanto suspirar a dita.

Claramante.
À senhora Olinda.
Que munto se atreva ao sol
quem nasse águia no vôo.

Sacrídio. À senhora Pinaflor.
Se quanto respiro é fogo
que munto se abraze o peito.

Aliadus.
[622] A senhora Beliandra.
Das dilacoins da ventura
fas cabedal a fineza.

Floranteo.
À senhora Floridea.
Abraze-ce o coração
porque a fé lhe alenta a chama.

Filismundo.
À senhora Clarícia.
É Fénis a minha fé
que renasse sem morrer.

Florimante.
À senhora Clarinda.
Esperanças dilatadas
matam sem tirar a vida.

Rozimundo. À senhora Florinda.
Quem nasseo para adorar
eterniza a escravidão.

Lindonizo.
[623] À senhora Delfina.
Sacrefique-ce o dezejo
nas dilacoins da ventura.
Rolindo.
À senhora Lusbeia.
Castigue-me a dilação
os delírios do dezejo.

Políbio.
À senhora Alcidónia.
Acredite-se a fineza
mas que padessa a esperança.

Artauro.
À Ninfa do bosque.
Só pode curar a chaga
a mão que menistra o golpe.

Fileno.
À senhora Liridónia.
Por milagre do perceito
dura sem alento a vida.

D. Belindo.
[624] À senhora Liridónia.
Senhora.
Os suspiros da fineza
que acrizolam a ventura dilatada
se ofrecem a Vossa Alteza recignada
a sofrer o castigo da inteireza.
Não implica, porém, com a firmeza
a queixa da esperança retardada,
que o receio de perder a dita dezejada
apura a fé no martírio da incerteza.

 

 

[625]  À senhora Fedelinda.
Para ter mais que ofrecer
fasso gosto do martírio. Belifloro.

Reposta.
Voluntário sacrifício
obriga a satisfação.
Fedelinda.

[626]  À senhora Gracelinda.
Semo seja confiança
tanto suspirar a dita.
Claramante.

Reposta.
Não pode ser confiança
o que acredia a fineza.
Gracelinda.

À senhora Olinda.
Que munto se atreva ao sol
quem nasse águia no vôo.
Sacrídio.

Reposta.
Se tem firmeza na vista,
não lhe culpo a confiança.
Olinda.

À senhora Pinaflor.
Se quanto respiro é fogo
que munto se abraze o peito.
Aliadus.

Reposta.
Concervai-lhe a chama pura,
que não se ofende o respeito.
Pinaflor.

A senhora Beliandra.
Das dilacoins da ventura
fas cabedal a fineza.
Floranteo.

Reposta.
Se se interessa a fineza
não vos queixeis da ventura.
Beliandra.

À senhora Floridea.
Abraze-ce o coracão
porque a fé lhe alenta a chama.
Filismundo.

Reposta.
Se a fé vive e fica a chama
não padessa o coracão.
Floridea.

[627]  À senhora Clarícia.
É Fénis a minha fé,
que renasse sem morrer.
Florimante.

Reposta.
Na glória da adoração
tem o prémio a vossa fé.
Clarícia.

À senhora Clarinda.
Esperanças dilatadas
matam sem tirar a vida.
Rozimundo.

Reposta.
Mas sempre são esperanças
inda que sejam detidas.
Clarinda.

À senhora Florinda.
Quem nasseo para adorar
eterniza a escravidão.
Lindonizo.

Reposta.
Se vos obriga o destino,
não fazeis munto em segui-lo.
Florinda.

À senhora Delfina.
Sacrefique-ce o dezejo
nas dilacoins da ventura.
Rolindo.

Reposta.
Se é involuntária a víctima
ser a nulo o sacrefício.
Delfina.

À senhora Lusbeia.
Castigue-me a dilação
os delérios do dezejo.
Políbio.

Reposta.
Se deliaris no dezejo
justamente vos castigam.
Lusbeia.

[628]  À senhora Alcidónia.
Acredite-se a fineza,
mas que padessa a esperança.
Artauro.

Reposta.
Quem acredita a fineza
tem de justiça a ventura.
Alcidónia.

À Ninfa do bosque.
Só pode curar a chaga
a mão que menistra o golpe.
Fileno.

Reposta.
Não duvideis do remédio,
que se enteressa o cuidado.
Ninfa.

À Senhora Liridónia.
Por milagre do perceito
dura sem alento a vida.
D. Belindo.

Reposta.
Seja milagroza a vida
que se sustenta da fé.
Liridónia.

[624]  À Senhora Liridónia.
Senhora.
Os suspiros da fineza
que acrizolam a ventura dilatada
se ofrecem a Vossa Alteza recignada
a sofrer o castigo da inteireza.
Não implica, porém, com a firmeza
a queixa da esperança retardada
que o receio de perder a dita dezejada
apura a fé no martírio da incerteza.

Reposta.
É tão estimável a fineza apurada na fe, que não podendo negarce-lhe o crédito, fica a dívida ao agradecimento empenhado na satisfação.
Liridónia.

 

 

[638]  Tanto subi que a encontrei.

 

PROFECIAS

 

IV PARTE 

 

[203] Segue a margem, acharás mais do que dezejas.

 

 

[453] Tu, cavaleiro tão venturozo que chegastes a entrar na Ilha dos Agrados, cuida em não alterar o sucego dela com atençoins particulares, porque à primeira transgreção, a perderás de vista com toda a esperança.