Última atualização: 24/01/2020 - 06:00

Apresentação

Este projeto tem a sua origem nos primeiros anos do século XXI, quando eu começava a aprofundar o género dos livros de cavalarias portugueses graças às várias bolsas de investigação que fui recebendo ao longo desse tempo: a primeira de pré-doutoramento, da Fundación Caja Madrid (2002-2003), mais duas da Biblioteca Nacional de Lisboa-Fundação Calouste Gulbenkian para Investigadores de Países Europeus (2002 e 2003), destinadas a desenvolver um projeto intitulado “Livros de cavalarias manuscritos: recuperação de um património bibliográfico” e, por último, a mais importante, uma bolsa de doutoramento para a Formação de Pessoal Investigador (FPI), da Comunidade Autónoma de Madrid (2003-2007). Todas elas, nomeadamente a última, permitiram-me defender, na Universidade Complutense de Madrid, lá no longínquo dia 17 de Dezembro de 2007, a minha tese de doutoramento sob o título Estudio y edición crítica del Leomundo de Grécia, de Tristão Gomes de Castro.

Foi durante estes anos quando começou a surgir na minha cabeça a ideia de compilar, reunir e sistematizar tudo o que tivesse a ver com a Matéria Cavaleiresca Portuguesa a fim de criar uma base de dados que fosse um ponto de partida para todos aqueles interessados neste universo ficcional, que tanta influência teve ao longo dos séculos XVI e XVII. Esta ideia tinha a ver, ao mesmo tempo, com o desprezo de que sempre foram objeto os livros de cavalarias, desdém que foi ocasionado pela falta de interesse da crítica especializada no que diz respeito ao estudo deste importante acervo literário.

Tive de esperar ainda vários anos para levar a cabo este meu sonho, até à obtenção de um contrato do Concurso Investigador FCT 2012 (Ref. IF/01502/2012), graças ao qual tive a oportunidade de desenvolver, como Investigador Responsável, o meu tão ansiado projeto, que intitulei da seguinte maneira: Base de dados sobre a Matéria Cavaleiresca Portuguesa dos séculos XVI-XVIII. Desenvolvido dentro do Seminário Medieval de Literatura, Pensamento e Sociedade (SMELPS), do Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras, da Universidade do Porto (UI&D 502: http://ifilosofia.up.pt/), a informação que aqui apresento é, portanto, o resultado do trabalho de mais de uma década de investigação sobre os textos cavaleirescos.

O título escolhido para denominar este projeto é O Universo de Almourol, que remete logo para um episódio procedente do Palmeirim de Inglaterra, de Francisco de Moraes. Nele, conta-se como o gigante Almourol defendia o castelo de igual nome por iniciativa de Miraguarda, uma mulher muito para se ver, mas muito mais para se guardar dela. À entrada do castelo, situava-se um escudo com a imagem da sua protegida e, pendurados em uma árvore, os escudos dos vencidos às suas mãos. Este mesmo episódio é o que usámos como logótipo para este trabalho, onde, para além da imagem do gigante a lutar com um cavaleiro, se vêem os escudos pendurados em uma árvore, em sinal de derrota, bem como a silhueta do castelo de Almourol rodeado pelo rio Tejo e com uma donzela a olhar pela janela fora. A imagem toda está inserida numa forma circular que representa uma velha moeda templária, cuja cruz está no topo da imagem. Este logótipo é o mesmo que aparece em todos os documentos descarregáveis, os quais são ferramentas de trabalho que ora podem servir para o âmbito universitário, ora para os investigadores dedicados ao estudo deste género literário.

 

A ESTRUTURA desta base de dados cavaleiresca é dividida em diferentes seções, todas elas interligadas entre si. A primeira corresponde com um dos aspetos mais importantes do projeto e sobre o qual gira o resto das informações, isto é, os Textos Cavaleirescos, que abrangem os seguintes  blocos temáticos: 

1.       Livros de cavalarias: estudo e análise tanto dos Livros de Cavalarias Portugueses que fazem parte deste género, como dos Livros de Cavalarias Portugueses traduzidos para outras línguas, os Livros de Cavalarias castelhanos impressos em Portugal, e os Livros de Cavalarias publicados em Portugal desaparecidos.

2.       Histórias Breves de Cavalarias: bloco que, como no caso anterior, abrange as Histórias Breves de Cavalarias Portuguesas, as Histórias Breves de Cavalarias Traduzidas, as Histórias Breves de Cavalarias Castelhanas impressas em Portugal, e, por último, as Histórias Breves de Cavalarias desaparecidas.

3.       Teatro Cavaleiresco: dedicado às Obras de Teatro inspiradas em episódios de Livros de Cavalarias.

4.       Torneios Cavaleirescos: neste bloco podem encontrar-se aquelas celebrações de cariz cavaleiresco que tiveram lugar em Portugal e que tomaram como inspiração os Livros de Cavalarias.

5.       Crónicas com elementos cavaleirescos: aqui é possível achar alguns textos historiográficos que utilizam elementos cavaleirescos à hora de narrar determinados episódios.

A segunda seção corresponde aos Autores de cada um dos textos, tendo em conta que há vários cuja transmissão foi só de maneira anónima.

No que diz respeito às terceira e quarta seções, têm a ver com as Edições e com os Manuscritos, de acordo com o meio de difusão dos textos em análise.

Os Mapas ocupam a atenção da quinta seção, que inclui diversos materiais cartográficos a fim de se poder compreender melhor os lugares relacionados com o mundo cavaleiresco.

Como sexta e última seção figura uma Bibliografia tanto dos autores como dos textos de cavalarias analisados. É muito útil porque permite perceber a evolução dos estudos relacionados com este importante género literário.

 

O arco cronológico que abrange, portanto, esta base de dados vai da Crónica do Imperador Clarimundo (1522), de João de Barros, até aos princípios do século XVIII, momento no qual podemos situar o último texto cavaleiresco, a anónima e particular História de Belidor Anfíbio.

O modo de citação dos documentos, ferramentas de trabalho e outros materiais que aparecem dentro desta base de dados é possível realizá-la da seguinte maneira: Aurelio VARGAS DÍAZ-TOLEDO, “MATERIAL DETERMINADO”, em O Universo de Almourol. Base de dados da matéria cavaleiresca portuguesa dos séculos XVI-XVIII (http://www.universodealmourol.com/), 2017.

 

Os exemplares utilizados nas citações que aparecem no projecto são os seguintes: 

  • Crónica do Imperador Clarimundo 1522 [CIC]: Madrid. Biblioteca Nacional: R-11727. 
  • CIC 1555: Vila Viçosa. Biblioteca do Paço Ducal: 198. 
  • CIC 1601: Madrid. Biblioteca Nacional: Cerv. Sedó, 8793. 
  • Palmeirim de Inglaterra I-II ca. 1544 [PI I-II]: Toledo. Cigarral del Carmen: NR. 533. 
  • PI I-II 1567: Toledo. Cigarral del Carmen: NR. 327. 
  • PI I-II 1592: Madrid. Biblioteca del Palacio Real: I-C-88. 
  • Palmeirim de Inglaterra III-IV 1587 ou Duardos de Bretanha [PI III-IV]: Madrid. Biblioteca Nacional: R-4796. 
  • PI III-IV 1604: Madrid. Biblioteca Nacional: R-88 
  • Palmeirim de Inglaterra V-VI 1602 ou Clarisol de Bretanha [PI V-VI]: Londres. British Library: G. 10257. 
  • Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda 1567 [MPSTR]: Londres. British Library: C.63.b.11. 
  • Argonáutica da Cavalaria I-II [AC]: Lisboa. Arquivo Nacional da Torre do Tombo: Manuscrito da Livraria, 686. 
  • AC II: Évora. Biblioteca Pública: Manizola, 208. 
  • AC III: Lisboa. Arquivo Nacional da Torre do Tombo: Manuscrito da Livraria, 1143. 
  • AC IV: Lisboa. Arquivo Nacional da Torre do Tombo: Manuscrito da Livraria: 1143. 
  • Crónica do Imperador Beliandro I [CIB]: Lisboa. Arquivo Nacional da Torre do Tombo: Manuscritos da Livraria, 875. 
  • CIB II: Lisboa. Biblioteca Nacional: cód. 344. 
  • CIB III: Lisboa. Biblioteca Nacional: cód. 345. 
  • CIB IV:Lisboa. Biblioteca Nacional: cód. 346. 
  • Crónica de Dom Duardos Segundo I [CDS]: Lisboa. Biblioteca Nacional: cód. 6828. 
  • CDS II: Lisboa. Biblioteca Nacional: cód. 6829. 
  • CDS III: Lisboa. Biblioteca Nacional: cód. 6830. 
  • Crónica do Imperador Maximiliano [CIM]: Lisboa. Biblioteca Nacional: Col. Pomb. cód. 490. 
  • Belianis de Grécia V [BG]: Lisboa. Arquivo Nacional da Torre do Tombo: Manuscrito da Livraria, 1144. 
  • História de Belidor Anfíbio III-IV [HBA]: Évora. Biblioteca Pública: Manizola, caixote nº 17, cód. 339. 
  • HBA IV: Évora. Biblioteca Pública: Manizola, caixote nº 17, cód. 339. 

 

Cumpre destacar também que, para além dos materiais conteúdos aqui, vamos publicar uma série de livros que vão reunir e recopilar boa parte da informação que aqui se oferece, sendo um complemento perfeito da base de dados. Os títulos destas publicações são os seguintes: 

  1. Os livros de cavalarias portugueses: análise de um género literário. Previsão: 2020. 
  2. Bibliografia dos Livros de Cavalarias Portugueses. No prelo. Previsão: 2020. 
  3. Antologia dos Livros de Cavalarias Portugueses. No prelo. Previsão: 2020. 
  4. Coleção de Livros de Cavalarias Portugueses, intitulada O Universo de Almourol. O primeiro volume será publicado em 2019. 

 

Por último, gostaríamos de agradecer as seguintes bibliotecas pela utilização das imagens dos livros contidas nesta base de dados:

• Biblioteca Nacional de Madrid (BNE)

• Biblioteca Menéndez Pelayo, de Santander (BMPS)

• Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC)

• Biblioteca Nacional de Lisboa (BNL)

• Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP)

• Biblioteca Pública de Braga (BPB)

• Biblioteca Pública de Évora (BPE)

• Biblioteca da Ajuda, de Lisboa (BA)

• Hispanic Society of America, de Nova Iorque (HSA)

• Biblioteca Nazionale di Napoli (BNN)

• British Library, de Londres (BL)

• Biblioteca del Cigarral del Carmen, Toledo (BCC)

• Biblioteca do Paço Ducal de Vila Viçosa (BPDVV).

 

AGRADECIMENTOS: Ao grupo SMELPS, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; à doutoranda Eduarda Rabaçal, que colaborou no presente projeto na formatação de alguns dos materiais aqui contidos. 

NOTA INFORMATIVA: Ao ser uma página em contínua construção, cumpre informar que, aproximadamente, cada quinze dias se procederá a atualizar a página web. Obrigado.